Ficámos ali, imóveis, em silêncio. Dois corpos voláteis a
arrefecer, lentamente, ao seu ritmo. Eu e tu. Inspirando, expirando,
deixando o ar entrar, renovado, e
fazendo com que o sangue voltasse, pouca a pouco, a percorrer o corpo todo.
Artéria a artéria. Também ele, ao seu ritmo.
Não sei quanto tempo passou... Nem tão pouco interessa. O
tempo é muito relativo. Sempre tive dificuldade em perceber porque nos demos ao
trabalho de inventar segundos, horas, meses e anos, num esforço vão de medir
algo maior do que o próprio conceito de dimensão. Porque há segundos que duram
meses, e anos que passam num minuto.
Roubaste-me um beijo, passaste-me a mão pelo rosto, e
sorriste com os olhos. Olhando o céu que nos tapava, lembraste-me que as
estrelas são nossas e que os planetas, no seu perpétuo movimento, nos vão
mostrando que tudo na vida é uma questão de referencial e da direcção em que
escolhemos olhar. Não sei quem gira em torno de quem. Mas, mais uma vez, não
interessa.
Acordei de manhã, com as primeiras gotas de orvalho a
condensar sobre a minha pele descoberta. No teu pedaço de terra, deixaste um
recado, escrito com uma vara tosca que por ali repousava: "Na vastidão do
tempo e na imensidão do espaço que fazem o Universo e a sua História, é um
privilégio conseguirmos partilhar um instante. O que era ontem é hoje e o que é
aqui está mais além. Inventa-me um coração e ensina-o a bater".
Hoje escrevi-te um poema interminável que não cabe dentro de
si. Como o tempo. Como o espaço. Como nós. Sei que um dia voltaremos a sonhar.
1 comment:
Caso estejam interessados.
A Umbigo Companhia de Teatro apresenta:
Dias 17, 18 e 19 de Março no Teatro Carnide
A Lua de Joana de Maria Teresa Maia Gonzalez
Encenação: Ricardo Barceló
Interpretação: Beatriz Segura, Joana Rodrigues e Melissa Logrado
Reservas: 910 789 764 | producao.tcarnide@gmail.com
Post a Comment